Bombas são lacradas em postos de combustíveis de empresários suspeitos de ligação como o PCC

Polícia Civil cumpre mandados em posto de combustível ligado ao PCC em Praia Grande Bombas de combustíveis foram lacradas em postos da Baixada Santista durante a Operação Octanagem, deflagrada pela Polícia Civil nesta terça-feira (21). O número total de bombas interditadas não foi informado. A ação, que segue em andamento, cumpre mandados de busca e apreensão em estabelecimentos ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Ao todo, seis postos de combustíveis são alvos da Operação Octanagem: três em Praia Grande, dois em Santos e um em Araraquara, no interior paulista. Os estabelecimentos são ligados ao empresário Mohamad Hussein Mourad, investigado na Operação Carbono Oculto, que revelou a infiltração do PCC na cadeia de produção e distribuição de combustíveis no país. A ação é conduzida pela Polícia Civil, com apoio da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), do Instituto de Pesos e Medidas (Ipem) e da Secretaria da Fazenda. ✅ Clique aqui para seguir o novo canal do g1 Santos no WhatsApp. Bomba foi lacrada em posto de combustível em Praia Grande (SP) Leandro Guedes/TV Tribuna “Estamos analisando esses postos para saber se estão em condições adequadas para o consumo, se há sonegação fiscal e descobrir quem são os sócios ocultos com envolvimento nesse esquema criminoso”, disse o delegado Tiago Fernando Correia, responsável pela operação. Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), durante as fiscalizações, as equipes constataram a adulteração de combustível e fraude volumétrica, quando as bombas liberam menos combustível do que o indicado no visor, em um dos postos, cujo endereço não foi divulgado. 🔎 As bombas lacradas fazem referência às estações de abastecimento dos postos. Em alguns casos, a interdição foi total; em outros, apenas determinados bicos foram lacrados. Como nem todas as bombas ou bicos foram afetados, os postos seguem em funcionamento. Praia Grande Conforme apurado pelo repórter cinematográfico Leandro Guedes, da TV Tribuna, foram encontradas irregularidades no Auto Posto Quasar LTDA, localizado no bairro Vila Caiçara. No local, uma bomba foi lacrada por fraude volumétrica e todos os bicos de gasolina foram bloqueados por adulteração no combustível, que tinha 90% de etanol misturado. Auto Posto Quasar LTDA, localizado no bairro Vila Caiçara, foi lacrado durante a Operação Octanagem Leandro Guedes/TV Tribuna Além disso, as equipes encontraram problema no volumétrico de uma das bombas do Auto Posto Platinum, na Avenida Dr. Roberto de Almeida Vinhas, no bairro Vila Mirim. O equipamento mede o volume de combustível nos tanques e foi lacrado. Já o Auto Posto Panamera LTDA, que fica no bairro Maracanã, não apresentou problemas durante a fiscalização dos agentes. Santos O g1 apurou que no Auto Posto Novo Milênio, no bairro Macuco, e no Auto Posto Super Senna LTDA., no Gonzaga, não foram identificadas fraudes que lesam o consumidor, mas foram encontradas irregularidades administrativas. Araraquara Conforme apurado com o Ipem, o Auto Posto Ímola está passando por fiscalização e, até o momento, nenhuma bomba foi lacrada no local. Postos de combustíveis alvos da Operação Octanagem MAPA: onde ficam os postos de investigados na megaoperação contra o PCC Operação Octanagem O nome da operação faz alusão ao termo usado para medir a capacidade de resistência do combustível ao ar. Segundo a polícia, o objetivo é atingir o lado “varejista” da organização criminosa, que continua em funcionamento mesmo depois da Carbono Oculto. Dono de uma série de postos de gasolina, Mohamad Hussein Mourad é o principal suspeito de comandar a lavagem de dinheiro do grupo criminoso PCC Reprodução/TV Globo Dos seis postos de combustíveis alvos da operação, cinco pertencem a Pedro Furtado Gouveia e um Luiz Ernesto Franco Monegatto. Gouveia e Monegatto foram alvos da Operação Carbono Oculto, por suposta relação com Mohamad Hussein Mourad, principal suspeito de comandar a lavagem de dinheiro do PCC, e que está foragido. Como o g1 mostrou em 4 de outubro, Gouveia é o maior dono de postos entre os alvos da Operação Carbono Oculto. Ele é sócio em ao menos 56 dos 251 estabelecimentos identificados pela reportagem a partir de registros oficiais da Receita Federal e da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Procurada à época, a defesa de Gouveia não se manifestou. Monegatto é sócio em outros 13 postos. O g1 não conseguiu falar com a defesa dele à época. Elo com Mohamad Segundo as investigações, os seis postos têm ligação com Himad, primo de Mohamad e descrito na Operação Carbono Oculto como um dos expoentes da organização criminosa. Em junho de 2025, um investigador fez uma compra em junho de 2025 no Auto Posto Panamera, de Praia Grande (SP), que pertence a Pedro Gouveia, e notou que o comprovante de pagamento saiu em nome do Auto Posto Ímola, de Araraquara (SP). O Ímola pertence a Monegatto e, segundo o antigo dono, foi vendido a ele e a Himad, que não aparece no quadro societário dos estabelecimentos. Até março de 2025, Himad também foi sócio do Auto Posto Platinum, de Praia Grande (SP), e dos postos Super Senna, e Novo Milênio, de Santos (SP), todos atualmente pertencentes atualmente a Pedro Gouveia, assim como o Quasar, de Praia Grande (SP). Segundo o levantamento do g1, Himad é sócio direto de dez postos – mas a polícia suspeita que ele seja ligado a mais de 100. O g1 não conseguiu localizar a defesa do investigado. Carbono Oculto Deflagrada em agosto, a Operação Carbono Oculto reuniu cerca de 1,4 mil agentes para cumprir mandados de busca, apreensão e prisão com objetivo de desarticular um esquema criminoso bilionário no setor de combustíveis, comandado por integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Alvos de megaoperação do PCC são sócios em ao menos 251 postos de combustíveis A operação, considerada a maior da história do Brasil contra o crime organizado, teve como alvos mais de 350 pessoas e empresas suspeitas de ajudar o PCC a esconder o dinheiro obtido nos crimes – prática conhecida como lavagem de dinheiro. O grupo sonegou mais de R$ 7,6 bilhões em impostos federais, estaduais e municipais, segundo autoridades da Fazenda de SP. Quinze alvos da operação, supostamente ligados a esse esquema de lavagem, são sócios de ao menos 251 postos de combustíveis em quatro estados do país segundo levantamento feito pelo g1. Destes, 33 postos ficam em seis cidades da Baixada Santista, sendo 12 postos em Santos, 9 em Praia Grande, 6 em Guarujá, 3 em São Vicente, 2 em Cubatão e 1 em Mongaguá. Onze postos operam sem bandeira, enquanto os demais estão vinculados a Ipiranga (12), Rodoil (9), BR Petrobras (1). Nenhuma dessas distribuidoras foi alvo direto da operação. Infográfico: Como funcionava o esquema bilionário do PCC no setor de combustíveis Arte/g1 VÍDEOS: g1 em 1 Minuto Santos