Lembra do macaco Chico? Animal é eternizado após taxidermia e biólogo confirma: 'era fêmea'

29/05/2025 - 05:35  
Lembra do macaco Chico? Animal é eternizado após taxidermia e biólogo confirma: 'era fêmea'

Macaco-prego chegou a ser retirado da dona, mas voltou após decisão judicial em São Carlos. Chico (a) morreu em 2014, teve corpo congelado por anos e agora está no CDCC da USP. Lembra dele: Macaco Chico está em exposição no CDCC na USP de São Carlos Você se lembra do macaco-prego Chico? Criado como filho por quase 4 décadas pela dona de casa de São Carlos (SP), Elizete Carmona, o animal silvestre gerou repercussão internacional em 2013, após ser retirado dela pela Polícia Ambiental e retornar depois de uma decisão judicial. O animal, que na verdade era uma fêmea, morreu em 2014, teve o corpo congelado durante 9 anos, e passou por taxidermia, uma técnica que visa preservar a forma, a aparência e o tamanho de um animal após a sua morte. (veja no vídeo acima como ele ficou). Agora, ele pode ser visitado no acervo da exposição "Bicho: quem te viu, quem te vê!”, no Centro de Divulgação Científica e Cultural (CDCC) da Universidade de São Paulo (USP). 📲 Participe do canal do g1 São Carlos e Araraquara no WhatsApp A exposição é itinerante e está ativa há 10 anos, e Chico é o animal mais recente de lá. Onça, lobo-guará, papagaios, lontras, entre outros, também podem ser vistos. A maioria dos bichos foi vítima de acidente e atropelamento, com exceção de Chico. “Quando o Chico faleceu entraram em contato dizendo se a gente tinha interesse em ficar com ele, e a gente aceitou. Teve toda a documentação, advogado, veterinário que atestou o óbito. Ele veio para a exposição em 2024, foram anos de espera”, contou Sílvia Martins dos Santos, 63 anos, responsável pelo setor de biologia do CDCC. Como é feita a taxidermia Macaco Chico comoveu a região após ser separado de sua tutora em São Carlos Amanda Rocha/g1 Segundo Sílvia, a taxidermia é uma técnica popularmente chamada de empalhamento porque antigamente os profissionais utilizavam palha para preencher o corpo do animal. Os biólogos Yago Moya Katz e Luiza Zapotoczny Palmeiro realizaram a taxidermia de Chico. Yago explicou que a técnica conserva a pele e partes do animal, como ossos e crânio, recriando a expressão realista do animal. É como se fosse uma combinação entre ciência e arte. O profissional informou que o animal tem que ficar congelado até ser empalhado e não há tempo limite para a realização da técnica, dependendo da conservação do corpo. Chico ficou quase uma década no freezer. “Não existe um tempo, ou seja, se o animal foi congelado corretamente e assim permanecer sem comprometimento da peça dará para realizar a taxidermia sem problemas. Mesmo estando congelado por muito tempo não afetou no processo, até porque é bem comum as peças ficarem anos congeladas antes que algum profissional possa realizar a taxidermia”, contou. Relembre o caso Macaco-prego Chico vive com a família em São Carlos há 37 anos Fabio Rodrigues/G1 Chico chegou até a dona Elizete em 1976 por um caminhoneiro amigo da família que veio do Mato Grosso. O bicho viveu quase 40 anos na casa no Jardim Beatriz e sempre foi tratado como filho pela dona de casa Elizete. O macaco ganhou até o sobrenome da família, Francisco Farias Carmona. O macaco-prego virou atração dos moradores no bairro e costumava mandar beijos para crianças e adultos que paravam na calçada para brincar com ele. Porém, o bicho foi retirado pela PMR após denúncias em agosto de 2013, pois manter um animal silvestre sem autorização é crime contra a fauna, o que poderia gerar detenção e multa. Mas no caso de guarda doméstica de animal que não está ameaçado de extinção, o juiz pode deixar de aplicar a punição. E foi o que aconteceu no caso do Chico com a ajuda de um advogado. Relembre algumas reportagens sobre o macaco Chico: MÃE E FILHO: Dona de casa trata macaco-prego como filho há 37 anos APREENSÃO: Após 37 anos, macaco tratado como filho é tirado da família DECISÃO JUDICIAL: Liminar da Justiça obriga retorno de macaca para dona MORTE: Macaco Chico morre aos 38 anos: 'perdi um filho', lamenta a dona Comoção nacional e internacional Antes da decisão judicial, a separação do animal foi publicada pelo g1 e ganhou repercussão nacional e internacional, gerando um abaixo assinado online com mais de 18 mil assinaturas, pedindo a volta do macaco. Em 16 dias, Chico retornou para casa e a família inaugurou o ‘Recanto do Chico’ com direito à festa na vizinhança. O espaço era adaptado para o animal e estava de acordo com normas do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) . “Ninguém comenta sobre o macaco hoje em dia, meio que caiu no esquecimento. Perdemos o contato com a família. Na verdade, nem tivemos contato direto com a família, foi o veterinário que trouxe direto para a gente na época”, disse Sílvia. A reportagem do g1 tentou contato com familiares, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem. Macaco-prego Chico morreu em 2013 em São Carlos. O animal tinha 38 anos e era tratado como filho pela dona de casa Elizete Fábio Rodrigues / Arquivo g1 Macaco ou macaca? Na época, o caso foi publicados em sites como o "The Washington Post", na Fox News, BBC, entre outros. O macaquinho virou estrela e foi até capa da revista Terra da Gente, do grupo EP. Em meio à repercussão, houve uma discussão sobre qual seria o sexo de Chico. Veterinários de Assis cravaram que era uma fêmea, após exames e ele chegou a ter receber o nome de 'Carla'. Depois, uma equipe do programa Animal Planet, do canal Discovery, passou quatro dias na cidade para colher o material e afirmou que o Chico era macho mesmo. Mas anos depois, o biólogo Yago é categórico ao afirmar que o Chico, na verdade, é Chica. Ele comentou que é comum confundir o sexo do animal, inclusive por profissionais da área. “O Chico realmente era fêmea, fizemos a taxidermia e quando abrimos o animal, ela tinha ovário. A identificação de macho e fêmea não é tão difícil quando são adultos. Os machos são mais dominantes e expõem o órgão genital que tem o formato de prego, por isso o nome popular de macaco-prego. Mas quando filhote é bem difícil porque o órgão não está desenvolvido, e creio que colocaram o nome quando o animal era pequeno. Esse erro é bem fácil de acontecer, inclusive por pessoas da área. Mas conforme vai entrando na maturidade sexual, a gente descobre", contou. Espera por falta de recursos e profissional Macaco-prego Chico foi criado por família de São Carlos (SP) por quase 4 décadas Fabio Rodrigues/g1/Arquivo Sílvia disse que a demora para a taxidermização aconteceu devido a falta de recursos e profissional especializado. “Eles ficam em freezer congelados até ter o profissional para a taxidermia, e a questão da demora é de conseguir recurso e profissional especializada com documentação para fazer o serviço para a USP. É muito difícil encontrar este profissional”, disse. De acordo com biólogo Yago, o valor da técnica em um animal de médio porte pode variar de R$ 1 mil a R$ 10 mil, dependendo da espécie, tamanho do bicho, materiais utilizados e prazo do contratante. No caso do Chico, o valor seria em torno de R$ 5 mil. "Realizar esse trabalho foi bem desafiador, já que primatas possuem muito mais expressões que os demais animais e este em questão precisava ficar perfeito”, comentou. O biólogo comentou que o processo consiste em conservar a pele e partes do animal, ou ele por completo. A profissão não é para todos, o cheiro forte dos produtos químicos é só um detalhe. “Na taxidermia acadêmica, a primeira etapa consiste em descolar a pele da parte interna do animal, retirando todos os órgãos, olhos, o máximo de carne (musculaturas) e, em algumas situações, a língua. Alguns ossos são mantidos como o crânio e os ossos dos membros que auxiliarão na sustentação do animal“, disse. Macaco Chico está em exposição no CDCC da Usp em São Carlos Amanda Rocha/g1 Exposição O macaco Chico chegou em 2024 na exposição "Bicho quem te viu, quem te vêem 2024" . Segundo o CDCC, a exposição é itinerante e já passou por várias cidades e instituições alcançando mais de 150 mil pessoas. O horáro para visitação espontânea é às quintas-feiras e sexta-feiras das 14h às 16h30, e sábado das 9h às 11h30. Nos demais dias, o local recebe escolas e instituições. O CDCC fica na Rua Nove de Julho, 1227 no centro de São Carlos. REVEJA VÍDEOS DA EPTV CENTRAL: Veja mais notícias da região no g1 São Carlos e Araraquara