Professoras criam projeto musical para inclusão de pessoas com deficiência em Rio Claro

07/09/2025 - 09:00  
Professoras criam projeto musical para inclusão de pessoas com deficiência em Rio Claro

Iniciativa em Rio Claro usa música para inclusão de pessoas com deficiência Duas professoras apaixonadas por música transformaram sua vocação em um projeto que muda vidas em Rio Claro (SP). Formadas em musicoterapia, Verônica Duarte e Marli Aparecida Rodrigues fundaram, há quase 11 anos, a Escola de Música Consonância, com a missão de levar os benefícios da música a pessoas que antes não tinham acesso. 📱 Siga o g1 São Carlos e Araraquara no Instagram O espaço nasceu de forma simples, com doações, e aos poucos se tornou um ambiente de amor, respeito e acessibilidade. Embora não seja exclusivo, a escola tem como principal público pessoas com deficiência (PCDs), acolhendo desde crianças até idosos, todos encontrando na música um cuidado especial e um verdadeiro remédio para a alma. Um desses exemplos é o João, diagnosticado com autismo ainda na infância. Ele fala pouco, mas descobriu no teclado uma paixão que abriu novos caminhos. A mãe, Aila dos Santos, lembra das dificuldades no início. "A primeira vez que procurei uma escola para colocar ele, saí cedo de casa e levei cinco 'nãos', nunca vou esquecer disso, foi marcante. Muita gente falou, não põe, ele não vai aprender nada. Mas hoje, qualquer coisa que ele faz, que eu vejo que ele evoluiu, me deixa emocionada"., disse. Escola de Música Consonância em Rio Claro Acervo EPTV Mais notícias da região: FOGO: Incêndios atingem áreas de vegetação em São Carlos e mais 4 cidades da região ACIDENTE: Colisão frontal entre caminhão e carro mata uma pessoa e deixa três feridas na SP-215 SEM PISTAS: Representante comercial está desaparecido há 100 dias no interior de SP: ‘Dor tão grande’, diz irmão Início do projeto A iniciativa nasceu quando Verônica, então professora de música em um conservatório da cidade, teve em sua turma um aluno com transtorno do espectro autista. O pai sonhava em vê-lo aprender música, mas, na época, Verônica era apenas educadora musical e não tinha preparo específico para atendê-lo. A experiência despertou nela a vontade de estudar musicoterapia, área que utiliza os elementos musicais para promover, reabilitar e manter a saúde e o bem-estar físico, emocional, mental e social. O resultado não demorou a aparecer: aquele aluno conseguiu avançar na música, e o exemplo de dedicação foi atraindo outras crianças com deficiência. Ainda assim, esse não era o público principal da escola. Entre conversas com a amiga Marli, que compartilhava do mesmo desejo de inclusão, surgiu a ideia de criar uma escola de música voltada especialmente para pessoas com deficiência. Assim, em uma pequena sala de casa, com apenas um acordeon, um teclado, um violão, uma flauta (e um grande sonho) as duas professoras começaram o projeto. Em apenas seis meses, 15 alunos com deficiência já participavam das aulas, marcando o início de uma história de crescimento e impacto. Escola de Música Consonância em Rio Claro Acervo EPTV Cantando ou tocando instrumentos, os alunos foram se descobrindo e se desenvolvendo. É o caso de Arthur, de 7 anos, diagnosticado com autismo. A mãe, Andreia Medinilha Pancher, percebeu avanços importantes: Aumento da paciência, tolerância, a questão do ritmo melhorou bastante, o compasso. Isso organiza, traz uma sequência, uma previsão que eles precisam muito", disse a mãe. Para Marli, a escola é um lugar onde as crianças brincam, convivem e se sentem seguras, vencendo barreiras e encontrando apoio para o seu desenvolvimento. "Não dá para silenciar o mundo, para incluir o autista. Nós temos que trabalhar para que eles se sintam inclusos, de uma forma natural. Para que as pessoas entendam que eles são diferentes como todos nós somos diferentes um dos outros e que eles têm a contribuição para dar socialmente, inclusive a nos ensinar a ter paciência e sermos gentis", disse. Diagnóstico inusitado Escola de Música Consonância em Rio Claro Acervo EPTV Em meio a tanto amor e dedicação ao projeto, Verônica recebeu um diagnóstico inesperado. Três anos após o início da iniciativa, ela decidiu passar por uma avaliação e descobriu que também está dentro do transtorno do espectro autista (TEA), nível 1 de suporte, assim como muitos de seus alunos. "Já tinha várias características que eles têm e assim vamos caminhando junto. A gente quer que o projeto se propague para o Brasil inteiro e não somente aqui em Rio Claro, mas que outras pessoas possam incluir porque a diversidade existe . Se a gente tem que ter respeito e o amor por aquilo que é diferente para nós, o mundo vai se tornar bem melhor", disse. Escola de Música Consonância em Rio Claro Acervo EPTV REVEJA VÍDEOS DA EPTV: Veja mais notícias da região no g1 São Carlos e Araraquara