Projeto de estudantes da Unesp transforma 'xepa' de feiras livres em biofertilizante sustentável


Ação promove educação ambiental e pode ajudar principalmente os pequenos produtores. Cartilha com orientações foi entregue à população da região de Araraquara (SP). Feirantes ficaram empolgados com projeto de alunos da Unesp Divulgação Um projeto desenvolvido por estudantes dos cursos de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia do campus Araraquara (SP) da Universidade Estadual Paulista (Unesp) oferece uma alternativa de sustentabilidade àquilo que costuma sobrar das feiras livres: a famosa "xepa", com restos de frutas, legumes e verduras. 📲 Participe do canal do g1 São Carlos e Araraquara no WhatsApp A partir desses resíduos, a ideia é produzir biofertilizantes – adubos líquidos e naturais feitos com a mistura da matéria orgânica. Segundo os participantes, o produto final vai poder ser aplicado no solo, ajudando no cultivo de hortas e plantações, principalmente de pequenos produtores da região. Além disso, os alunos envolvidos promoveram oficinas com feirantes da própria cidade e também de São Carlos (SP) e Matão, para ensinar o processo de produção do biofertilizante e conscientizar a respeito do reaproveitamento de resíduos orgânicos. De ração a biofertilizante líquido Durante o desenvolvimento do projeto, os estudantes descobriram que a maioria dos feirantes doava a "xepa" ou alimentava animais. “Fomos pesquisando mais a fundo e percebemos que nem todo alimento pode ser dado para os animais. Existem proporções e cuidados: não é simplesmente oferecer qualquer coisa, porque isso pode prejudicar a qualidade da alimentação", comentou Winnie Tomazella, uma das participantes. Participantes demonstraram envolvimento com projeto da graduação da Unesp Divulgação Inicialmente, a ideia era criar algum tipo de ração que pudesse contribuir nesse sentido. Mas, diante da ausência de alguns insumos necessários, surgiu a ideia de produzir um biofertilizante líquido por meio da compostagem dos alimentos. “Se a formulação da ração já era difícil para nós, seria inviável tentar passar isso para eles [produtores]. Não teria o alcance que a gente esperava. Por isso mudamos para o biofertilizante, que é algo mais fácil de ser produzido. E, além disso, não exige uma seleção tão rígida dos alimentos”, explicou o estudante Augusto Menzel. MAIS NOTÍCIAS DA REGIÃO: ALERTA: Redução de animais que dispersam sementes afeta meio ambiente, diz pesquisador PREVENÇÃO: Aplicação de I.A pode prever casos de bebês que nascem com baixo peso, aponta pesquisa da USP AMOR: Cachorrinha abandonada em canavial é adotada: 'Me apaixonei', diz tutor Compostagem e leira Com a matéria-prima em mãos, os alunos começaram a montar os sistemas para chegar ao biofertilizante: uma caixa de compostagem pronta e uma alternativa a quem não teria acesso, chamada de leira e montada diretamente no chão. Como funciona a composteira? A composteira é feita com duas caixas empilhadas. O resíduo orgânico, composto por alimentos e folhas secas, é colocado na caixa superior, com furos no fundo. O líquido produzido no processo – o biofertilizante em si – escorre para a caixa inferior, que tem uma torneira acoplada para a liberação do que foi armazenado. E a leira? Já a leira conta com telhas de fibrocimento onduladas dispostas no chão e cobertas com uma lona preta, para melhor retenção de calor. A matéria orgânica é colocada sobre a estrutura e coberta com uma tela sombrite. Nas extremidades das telhas são posicionadas garrafas pet, que servem de recipiente para o biofertilizante que escoa da leira. Confira diferenças entre composteira e leira Divulgação Ambos os sistemas podem levar pelo menos duas semanas até finalmente obterem o biofertilizante líquido. Assim que conseguiram finalizar os processos, os participantes produziram um vídeo com explicações detalhadas e desenvolveram uma cartilha com passo a passo, para entregar à população. “A gente entregava a cartilha, explicava direitinho o conteúdo, e no final alguns feirantes perguntavam: ‘Quanto a gente tem que pagar por isso?’ Quando explicávamos que era gratuito, que era um projeto da universidade, eles ficavam muito felizes", relatou Menzel. A professora Valéria Ebinuma, que orientou o grupo, afirmou que ações assim reforçam o compromisso social da universidade. “Esses projetos de extensão são importantes para divulgar o que é feito na universidade e reforçar a importância desses profissionais que estamos formando – profissionais preparados não só para o mercado de trabalho ou para a indústria, mas também para os desafios da sociedade atual”, acrescentou. Grupo de estudantes desenvolveu até cartilha para entregar à população Divulgação VEJA TAMBÉM: Material desenvolvido na Unesp Araraquara acelera regeneração de ossos após fraturas Material desenvolvido na Unesp Araraquara acelera regeneração de ossos após fraturas REVEJA VÍDEOS DA EPTV: Veja mais notícias da região no g1 São Carlos e Araraquara