Servente de pedreiro que morreu após passar por UPA teve edema agudo de pulmão; colírio foi receitado, e família vê negligência


Edson Brito, de 36 anos, que gritava de dor em unidade, foi encontrado morto em calçada em Rio Claro (SP). Fundação de Saúde diz que atendimento seguiu protocolos médicos. Edson Santos Pinheiro de Brito, de 36 anos, morreu após passar por UPA em Rio Claro Divulgação e Arquivo pessoal O servente de pedreiro que morreu após passar pela Unidade de Pronto-Atendimento da 29, em Rio Claro (SP), teve um edema agudo de pulmão, uma emergência médica grave que ocorre quando há acúmulo de líquido dentro dos pulmões. A informação consta como causa da morte no atestado de óbito de Edson Santos Pinheiro de Brito, de 36 anos. O rapaz procurou atendimento gritando de dor e dizendo que estava ficando cego, mas foi liberado após receber uma receita indicando o uso de um colírio anestésico, uma pomada oftalmológica e soro fisiológico. Ele foi encontrado morto horas depois em uma calçada, a dois quarteirões da unidade. A família de Edson, que é de Araraquara (SP), acredita em negligência e vai a Rio Claro no sábado (31) registrar um novo boletim de ocorrência. O servente completaria 37 anos no sábado (31). 📲 Participe do canal do g1 São Carlos e Araraquara no WhatsApp Na tarde desta sexta, o g1 questionou a Fundação Municipal de Saúde se o atendimento vai ser investigado e sobre a acusação da família. O órgão respondeu que "está à disposição para a apuração dos fatos". Disse ainda que, ao procurar atendimento médico, "a queixa do paciente era referente aos olhos e recebeu este atendimento, seguindo os protocolos médicos. A Fundação Municipal de Saúde de Rio Claro lamenta o ocorrido e se solidariza com a família". O caso foi registrado como morte suspeita e é investigado pela Polícia Civil. LEIA TAMBÉM: GRITOS DE DOR: Homem que morreu na rua após passar por UPA gritava de dor e dizia que estava ficando cego, afirma testemunha MORTO EM CALÇADA: Homem de 36 anos morre na rua após passar por atendimento em UPA no interior de SP Atendimento em UPA e suposta negligência Edson Santos Pinheiro de Brito morreu em Rio Claro após passar por UPA; corpo foi enterrado em Araraquara Arquivo pessoal A ficha de atendimento de Edson consta que ele foi atendido na triagem, que avalia os sintomas do paciente, as 11h35. A classificação de risco dele foi considerada verde, que é para casos pouco urgentes e sem risco de morte. Ele relatou que o namorado teria jogado etanol nos olhos dele e estava com irritação no local. Uma testemunha ouvida pelo g1 disse que ele estava gritando, falando que estava com dor e que estava ficando cego. "Ele andava, sentava no chão, chorava muito", afirmou. Reinaldo Ferreira Campos, padrasto de Edson, disse que a família acredita que houve negligência no atendimento. "[Deveria] entrar com o pedido do Cross [Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde] para internação. Porque a pessoa corria o risco de perder a visão, né? Aí passaram um colírio anestésico e orientou ele a usar uma pomada", afirmou. A família também quer acesso a imagens de câmeras para saber o que aconteceu no dia e esclarecer o atendimento. No sábado, a mãe e o padrasto de Edson vão a Rio Claro para registrar um boletim de ocorrência na Polícia Civil para que o atendimento seja apurado. "A gente quer esclarecer o que houve. A gente tá vendo essa parte jurídica, criminal também, para que não aconteça mais. [O sentimento] é de revolta", disse o padrasto. Edson reclamou de estrutura da UPA, mas elogiou atendimento em janeiro Em janeiro deste ano, Edson foi entrevistado pela EPTV, afiliada da TV Globo, e reclamou da estrutura da UPA da 29, que estava em reforma e com alta demanda de pacientes com dengue. Ele, no entanto, elogiou o atendimento dos profissionais. (veja no vídeo abaixo). "De mal a pior. Basicamente, o atendimento dos profissionais é bom, mas a infraestrutura é péssima". Servente de pedreiro que morreu reclamou de estrutura de UPA de Rio Claro, em janeiro Gritos de dor A testemunha, que preferiu não se identificar, disse que estava no local esperando atendimento para um parente no momento em que Edson chegou. "Eu cheguei era 12h45, lá de fora na rua, já ouvi os gritos dele. Quando entrei, ele estava andando de um lado pro outro gritando, falando que estava com dor e que estava ficando cego. Ele andava, sentava no chão, chorava muito", afirmou. A testemunha disse que ele foi atendido, mas houve demora. Ela relatou que saiu do local por volta de 17h45 e soube da morte de Edson pelas redes sociais por volta de 19h. O g1 questionou a Fundação Municipal de Saúde se houve demora no atendimento no dia e por qual motivo, quanto tempo Edson esperou para ser atendido, qual foi a classificação de risco na triagem (azul, verde, amarela ou vermelha) e se ele foi medicado, mas não a fundação não respondeu. Disse que está à disposição dos familiares para informações sobre o atendimento ao paciente. Morto em calçada Uma equipe da Guarda Civil Municipal (GCM) de Rio Claro encontrou Edson já sem os sinais vitais. O Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) foi acionado e constatou o óbito no local. "Em patrulhamento pela Rua 11 com Avenida 29, foi avistado um indivíduo na calçada. A equipe tentou realizar contato com o mesmo, porém verificou que não havia sinais vitais", informou GCM. A perícia foi ao local e o caso foi registrado como morte suspeita no Plantão Policial. Em nota enviada ao g1 na quarta (28), a Fundação Municipal de Saúde afirmou que Edson passou por atendimento de urgência e emergência na terça-feira (27) se queixando um problema oftalmológico (nos olhos). A fundação não especificou o tipo de queixa e não informou se ele foi medicado. Disse ainda que está acompanhando a investigação (veja abaixo o posicionamento na íntegra). Ainda não há informações sobre o tempo da liberação na UPA até a morte do homem. A GCM afirmou que, segundo informações da UPA, ele foi atendido na unidade horas antes, mas o período não foi especificado. A causa da morte é investigada. O que diz a Fundação de Saúde Veja a nota abaixo enviada na quarta (28): “A Fundação Municipal de Saúde de Rio Claro lamenta o ocorrido e se solidariza com a família. O paciente procurou o serviço de urgência e emergência com uma queixa oftalmológica e recebeu atendimento. As autoridades averiguam os fatos, que estão sendo acompanhados pela Fundação de Saúde. A pessoa em questão era atendida pelo Serviço Especializado em Abordagem Social". Outra morte de homem em abril Reginaldo Silva Moreli, 37 anos, morreu 40 minutos após ser liberado de UPA em Rio Claro Reprodução/Facebook No dia 7 de abril deste ano, Reginaldo Silva Moreli, de 37 anos, morreu 40 minutos após ser atendido, medicado e liberado na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) da 29 . O caso foi registrado como morte suspeita e a Polícia Civil está investigando as circunstâncias da morte. INVESTIGAÇÃO: Homem de 37 anos morre 40 minutos após ser liberado de UPA no interior de SP RELEMBRE: Saiba quem era Reginaldo Moreli, homem que morreu 40 minutos após ser liberado de UPA O homem estava com broncopneumonia e teria recebido injeção de dipirona, segundo a prima. Reginaldo foi até a UPA durante a noite porque estava se queixando de algumas dores nas costas. Por volta de 20h30, ele foi liberado. Homem de 37 anos morre 40 minutos após ser liberado de UPA em Rio Claro Na volta para casa, ele passou mal em uma rua perto da casa dele. Ele foi socorrido por pessoas que estavam em uma padaria e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi chamado. O homem não resistiu e morreu no local. Testemunhas disseram que o Samu demorou cerca de 40 minutos para chegar ao local. A prima de Reginaldo, Caroline Litoldo disse que ele tinha problemas com esquizofrenia e asma. Com frequência ele ia até a UPA da 29 para receber atendimento por conta da asma. Na data, a Fundação Municipal de Saúde lamentou o óbito e disse que foram seguidos todos os protocolos médicos durante o atendimento. Prima de homem que morreu após sair de UPA em Rio Claro cobra explicações; RELEMBRE: Prima de homem que morreu após sair de UPA em Rio Claro cobra explicações REVEJA VÍDEOS DA EPTV: