"Campanha eleitoral" já começou nas Congregações Gerais

06/05/2025 - 13:20  
"Campanha eleitoral" já começou nas Congregações Gerais

O Vaticano realizou dez Congregações Gerais com os cardeais antes do início do conclave — encontros reservados que permitem aos eleitores se conhecerem melhor e discutirem as prioridades e direções desejadas para o futuro da Igreja Católica.

 

“Nas congregações gerais há quase um pré-conclave”, explicou à agência Lusa o professor Eduardo Baura, especialista em direito canônico da Pontifícia Universidade da Santa Cruz, em Roma, vinculada à Opus Dei. “Elas servem para definir o perfil do futuro Papa.”

Em 2013, o então cardeal Jorge Bergoglio, atual Papa Francisco, se destacou justamente nesses encontros ao defender uma profunda reforma da Cúria Romana e a modernização da Igreja. Seu discurso foi tão marcante que o cardeal de Havana pediu uma cópia, intuindo que estava diante do futuro pontífice. Bergoglio já havia sido o segundo mais votado no Conclave de 2005.

Nas primeiras reuniões deste ano, os cardeais trataram de temas administrativos, como os ritos funerários do Papa Francisco e a definição dos celebrantes das cerimônias solenes. Na semana passada, no entanto, os debates começaram a se concentrar nas questões políticas e pastorais da Igreja para os próximos anos.

Essas congregações reúnem tanto os cardeais eleitores quanto os não eleitores, e ocorrem a portas fechadas. O único registro público é feito pela Sala de Imprensa da Santa Sé, por meio de comunicados resumidos.

Na última segunda-feira, ocorreram duas reuniões: a décima e a décima primeira. Nesta terça (6), está prevista a 12ª congregação — a primeira com a presença de todos os 133 cardeais eleitores.

De acordo com o Vaticano, a 11ª reunião contou com cerca de 20 intervenções, sendo muitas voltadas ao tema do etnocentrismo na Igreja e na sociedade, além das questões migratórias. Os cardeais destacaram a importância de acolher os migrantes como um dom para a Igreja e reforçaram a necessidade de apoiar sua fé em contextos de deslocamento. Também foram lembradas as guerras em curso, com relatos emocionantes de cardeais oriundos de regiões em conflito.

Durante a 10ª congregação, que ocorreu na manhã de segunda, foram feitas 26 intervenções. Os temas incluíram o papel missionário da Igreja, a importância do direito canônico e a função do Estado da Cidade do Vaticano. Houve ainda menções à forte exposição midiática do processo e à grande responsabilidade da escolha do novo Papa.

“Falou-se também do perfil desejado para o próximo pontífice: alguém presente, próximo do povo, capaz de construir pontes, guiar a humanidade em meio à crise global e se conectar com outras religiões e culturas”, afirmou o comunicado da Santa Sé.

A preocupação com divisões internas na Igreja, a importância das vocações religiosas, o papel da família e a missão educativa da Igreja também foram abordados ao longo das últimas reuniões.

Na 9ª Congregação Geral, realizada na sexta-feira anterior, os cardeais refletiram sobre a missão dupla da Igreja: promover a comunhão interna e testemunhar a fraternidade no mundo. O magistério do Papa Francisco foi lembrado com gratidão, assim como os processos iniciados durante seu pontificado, com apelos para que sejam continuados e preservados.

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